0
Posted by Café e Poesias on 11:04 in
O que há em mim é sobretudo cansaço
    Não disto nem daquilo,
    Nem sequer de tudo ou de nada:
    Cansaço assim mesmo, ele mesmo, Cansaço.
    A subtileza das sensações inúteis,
    As paixões violentas por coisa nenhuma.
    Essas coisas todas -
    Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
    Tudo isso faz um cansaço,
    Este cansaço, cansaço.
    Há sem dúvida quem ame o infinito,
    Há sem dúvida quem deseje o impossível,
    Há sem dúvida quem não queira nada
    – Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
    Porque eu amo infinitamente o finito,
    Porque eu desejo impossivelmente o possível,
    Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
    Ou até se não puder ser… E o resultado?
    Para eles a vida vivida ou sonhada,
    Para eles o sonho sonhado ou vivido,
    Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto…
    Para mim só um grande, um profundo,
    E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
    Um supremíssimo cansaço.
    Íssimo, íssimo. íssimo,
    Cansaço…

   

- Álvaro de Campos

0 Comments

Postar um comentário

Copyright © 2009 Café com Poesias All rights reserved. Theme by Laptop Geek. | Bloggerized by FalconHive. Distribuído por Templates